O Velho Húngaro é um livro que tem a intenção de mostrar, num romance, com personagens inventados, uma das muitas possibilidades de interação entre um grupo de amigos e seus filhos. Mostra um tipo de interação numa “turma”, com grande criatividade, amistosa, muito sofisticada – porque possibilita crescimento psicológico de seus membros em torno de um projeto comum – onde estão envolvidas pessoas de gerações diversas, trabalhando com arte, estimulando a criatividade e o pensamento, inventando enredos teatrais e músicas, num congraçamento difícil de ser conseguido na vida real quando se desconhece essa possibilidade. O romance mostra os motivos que fazem com que esse grupo se estruture dessa maneira tão produtiva, transformando a experiência do convívio em uma situação de vida inesquecível para todos. Mostra também como determinadas pessoas que resolviam suas questões internas principalmente através do pensamento mágico (consultando curandeiros, adivinhos, oráculos, quiromantes, cartomantes, benzedeiras), passaram a se beneficiar de uma nova maneira de ser, mais livre e compromissada com uma maior liberdade interior.
Esse é o resumo do roteiro e a minha intenção ao escrever esse livro.
Posto isso, acho importante declarar que não me considero um escritor. Esse livro foi apenas um meio de conseguir comunicar alguma coisa que considero importante. Porque sou, basicamente, não um escritor, mas um profissional da área de saúde mental, que busca sempre novas maneiras de expor o que pensa sobre o objeto da sua especialidade.
Como trabalho com divulgação de possibilidades de crescimento psicológico com o objetivo de prevenir transtornos psicológicos maiores, utilizando atividades do dia-a-dia que nem sempre são reconhecidas como facilitadoras dessa função de prevenção, achei importante escrever sobre esse livro. Sobre o resultado concreto dessa minha procura inicial.
Claro que não fiz sozinho o livro: para uma tarefa desse tipo, muita coisa tem que ser buscada e é exatamente isso que faz com que seja tarefa tão enriquecedora do ponto de vista psicológico.
Comecei procurando um curso que me ajudasse a escrever o que começara a imaginar. Encontrei, nessa busca, um escritor de notável talento, ganhador de prêmios importantes do universo dos escritores, que me auxiliou e inspirou bastante: Marcelino Freire.
Que continua inspirando novos alunos com seu trabalho como professor e escritor e sua capacidade de agregar e fazer desenvolver algumas potenciais capacidades de escrita que todos temos dentro da gente. Ele coordena oficinas de escrita no B_arco, centro de estudo interessante de São Paulo, que oferece muitas modalidades de cursos sobre arte, moda, escrita, fotografia, direção de vídeos, etc.
Ao entrar numa oficina conduzida por ele, tive outro benefício: conheci novos colegas, novas amizades, gente muitíssimo interessante. Acredito que isso aconteça com todos os que procuram essa maneira de crescimento intelectual, porque passam a frequentar eventos com pessoas que participam do universo da criatividade, sempre dispostas a trocar experiências existenciais.
Um outro sujeito importante que conheci nessa época, que não era aluno (um iniciante na arte de escrever) mas outro verdadeiro mestre, tanto na arte da escrita quanto na arte do desenho, foi o Lourenço Mutarelli.
Escritor com aguda intuição e criatividade, tem diversas habilidades na construção de personagens memoráveis. Já com produção intelectual bastante conhecida, livros, gibis (quadrinhos com personagens de uma saga) e livros com transcrição para o cinema, deu-me a honra de ilustrar a capa desse meu primeiro romance.
Nesse curto convívio com esse universo da escrita, encontrei toda essa incrível gama de pessoas que muito me inspirou.
Meu sincero agradecimento a todos.