Considerações gerais sobre tratamentos psiquiátricos e psicológicos
Tratar de alguém que está apresentando algum problema psicológico ou algum transtorno psiquiátrico, sempre foi muito angustiante para todos os envolvidos.
É muito difícil, para começar, que a família lide com essa situação tranqüilamente, porque, de forma diferente das doenças clínicas, físicas, as doenças psicológicas muitas vezes não são reconhecidas como tal por quem as está apresentando. Isso faz com que essas pessoas se mostrem reticentes ao tratamento, com graus variáveis de recusa, chegando mesmo a ficar absolutamente refratárias a qualquer tipo de abordagem médica ou psicológica, mesmo quando aconselhadas por alguém muito próximo.
Essa recusa é compreensível se pensarmos que a doença mental ataca, precisamente, o que temos de mais importante, de mais “nosso”, de mais significativo: nosso “eu”, a maneira como vemos o mundo e a maneira peculiar que nos faz sentir pertencentes à espécie humana.
Por isso, por essa perda do que os psiquiatras chamam de perda da capacidade de reconhecer-se doente, quase sempre, pode-se dizer que na maior parte das vezes, necessitam de um trabalho preliminar muito complexo, de convencimento e de explicação detalhada do que está se passando, trabalho esse anterior ao início do tratamento propriamente dito.
Pode-se até concluir que essas conversas iniciais, com todos os participantes do problema, quer dizer, com familiares, com o próprio interessado, com os profissionais que irão participar do tratamento, já fazem parte do tratamento propriamente dito.
E como é esse tratamento?
Basicamente, qualquer que seja o diagnóstico, consiste de duas condutas complementares: um tratamento, digamos assim, “médico”, com a prescrição de remédios por via oral ou de outros procedimentos que se fizerem necessários, e de procedimentos ditos “psicológicos” que consistem em psicoterapias de diversos níveis de profundidade.